sábado, 11 de setembro de 2010

DELÍCIAS SÍRIAS

Você é gourmet, guloso, comilão?
Eu também sou. As três coisas ao mesmo tempo!
Então vamos agora nos aventurar pelos prazeres sírios da boca?

Sendo curioso por natureza, pouco hesito em experimentar novos sabores. Já comi jibóia, gafanhotos e outras estranhas iguarias. Mas pelas ruas de Damasco ou Alepo, nunca teremos que enfrentar qualquer tipo de desafio, já que tudo o que quitandas, botecos, mercados e ambulantes apresentam ao olhar e olfato do transeunte, é tentação pura. Impregnada de influência otomana, grande parte do Mediterrâneo, oriental e sul, oferece variações sobre os mesmos temas gastronômicos, tendo também em comum a similitude de matérias primas.


Para início de conversa, este é o paraíso dos vegetarianos, já que as entradas, os famosos mezze, feitos a partir de legumes e verduras, são uma festa em si. Quando, nos restaurantes, chega á sua mesa a variedade de pequenos pratos, cada um com seu tesouro diferenciado, feito de berinjela, abóbora, grão de bico, couve-flor, beterraba, abobrinha, cebola, tomate e queijos, não há quem diga que não tem fome. De manhã no café do hotel, lhe oferecerão queijo fresco apimentado com azeite e olivas pretas. A geléia de damasco é uma obrigatoriedade, a geléia de rosas antiga tradição e os sucos, geralmente à base de laranja, são um bom preparo para lutar contra a desidratação.


 Ao longo do dia, os apelos serão freqüentes, desde os vendedores de xarope de reglissa até os sorvetes já mencionados do Bakdash, se ainda não tiver deixado Damasco. Mas o verdadeiro perigo mora bem ao lado, seja nas ruelas da velha cidade ou das amplas avenidas dos bairros mais burgueses e mais banais. As pastelarias parecem surgir espontaneamente a cada passo. Pirâmides de folhados embebidos de mel, torres de cubinhos de massa podre com pistaches, nozes, tâmaras, castanhas.


A imaginação completa aquilo que não conseguirá provar. Mas como evitar as caixas de frutas cristalizadas e os balaios de frutas secas. Os amadores de chocolate costumam disputar a preferência entre os belgas e os suíços, mas todos se surpreendem ao entrar no Ghraoui, cuja sofisticação não fica atrás de um Fauchon ou Fortnum and Mason. Trufas, massapão e outras delícias até com recheio de licor, serão oferecidas em várias línguas por lindas vendedoras vestidas não sei se por Chanel ou Dior. Pois é. Engordar, você engordará, apesar das léguas a percorrer a pé entre mesquitas e museus. De tanto provar e beliscar, chegou um momento em que - só para parar de ceder à tentação da gula, delicioso pecado capital - quase desejei um Mc Donald! Outro clássico é o rahat lukum, o famoso turkish delight que os sírios denominam simplesmente de rahat. Ideal para levar aos parentes e amigos, mas fuja das lojas para turistas onde, além de pagar preços bem mais altos, nunca terá a certeza da data de fabricação. Saiba que um bom rahat não deve ter mais de duas semanas. É só ler a data na caixa. Enfim, se ainda tiver espaço para ingerir comida, existem restaurantes para todos os bolsos e mesmo os mais sofisticados não custam o suficiente para futuras insônias, nem que acompanhadas por um bom vinho libanês.




Quando, exausto, resolvia atender às súplicas de minhas pernas, escolhia um destes cafés que são o charme mais corriqueiro desta parte do mundo. Debaixo de toldos coloridos ou leves parreiras, sentava a pedir um café turco. Homens de todas as idades fumam narguilé e jogam gamão com infinita paciência.
Raras sao as mulhres que sentam nestes cafés, a nao ser turistas. Estariam em casa tratando das crianças ou fofocando? A realidade nao é tao maniqueista... Outro dia conto.

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