quinta-feira, 4 de novembro de 2010

RETALHOS 25


Dilma. Então, durante os próximos quatro anos, teremos uma presidente (e não presidenta, por favor. Ou então falemos estudanta). Desejamos um percurso sem grandes obstáculos a esta combativa mulher. Como não concordei com nenhum dos dois candidatos, não vou agora tecer coroas de louros, mas o povo elegeu-a democraticamente, o que já é um grande e belo fato. Resta a esperança de que realmente, a liberdade de imprensa continue ampla e irrestrita. É sempre saudável para uma república haver uma oposição com voz ativa para controlar eventuais desvios de conduta e prepotência. Ainda mais quando ela é de 43 milhões de brasileiros.

Sob o título “Empreiteiras bancaram 39%dos custos de (campanha) de Wagner” A Tarde revela que a maior doadora foi a UTC Engenharia S/A, parceira da OAS e Odebrecht no estaleiro de Aratu. A OAS também parceira da Odebrecht na Fonte Nova, deu polpuda contribuição. Se as associadas foram mais de que generosas, a própria Odebrecht parece não ter contribuído. Você acredita, meu bem?

2014. Se o José Serra pretende se candidatar de novo, pode tirar o cavalinho da chuva. Aécio Neves vem aí. Mais jovem, mais charmoso, carismático, governador competente, bom percurso político, ele representa desde já o novo rosto do PSDB. E Minas Gerais como sempre nas dianteiras   

Bilionário ostensivo. Procurei nos “Meus documentos” mas não consegui encontrar umas reflexões agridoces publicadas meses atrás, acerca da longa entrevista concedida a revista Muito (A Tarde) por um certo João Carlos Cavalcanti, bilionário, posudo, arrotando satisfação com sua montanha de grana, sua casa e seus carros. Boatos afirmam que logo após a entrevista, não sei por que cargas d´água, ele teria ido ao jornal acompanhado de dois advogados para proibir a publicação. Em vão. Mais tarde apareceu de novo, desta vez com ambições a senador da república ou, no mínimo, vice-governador na chapa de Geddel Vieira Lima que, comprovadamente, não sabe escolher seus parceiros e acaba quebrando a cara. O mineirador surgiu de novo, desta vez envolvido com um jornalista chantagista que lhe apresentara a first lady esposa do prefeito chorão, a mandona Maria Luisa. Os três almoçaram juntos na residência paulista do ricaço. Acabou? Que nada! Agora a IstoÉ revela que o dono de 40 carros de luxo, “está com a polícia no seu encalce” por dívidas de R$50 milhões – uma bobagem - ao Desenbanco. A história não deve parar por ali. Em breve teremos, com certeza, mais notícias quentinhas e saborosas. Só para estômagos sólidos.

Ninguém esqueceu a curiosa entrevista da arquiteta Beatriz Lima, hoje responsável por um projeto nebuloso para reabilitar o “Centro Antigo de Salvador”. Entre outras preciosas revelações, a doutora mencionou as obras da Vila Esperança, anunciadas desde 2006. Aqui tem uma foto tomada por mim, três dias após a entrevista. Que tal?
Sobre a coleção Claudio Masella. (Texto já publicado) Convite para reverenciar, mais uma vez, a coleção de objetos africanos doada à Bahia pelo industrial Claudio Masella. O amável italiano morou na África durante uns 35 anos e aproveitou o tempo livre para juntar mais de mil objetos.
Qual a qualidade destas peças?
Os africanos são exímios falsificadores daquilo que se etiquetou de Arte Negra ou Africana. Até a primeira parte do século XX a criatividade se expressa por dois únicos propósitos: o cotidiano e o sacro. O conceito da arte pela arte não tem espaço nas culturas arcaicas. Os especialistas consideram como dignas de atenção, unicamente as peças criadas até a primeira parte do século XX. A partir de 1950 – após II° Guerra  Mundial – entramos no campo mais escorregadio da cópia decorativa. Um pedaço de madeira, após seis meses enterrado em qualquer solo subsaariano adquire uma pátina convincente. Melhor ainda se tiver alguns pregos ou pedacinhos de pano, espelho, miçanga ou palha. Quem andou pelos mercados das pulgas de Paris, Nova-Iorque, Londres ou Madri já teve, com freqüência, a oportunidade de ver montes destas peças.
Uma bonita cópia de bronze ou latão do Benin pode custar entre U$150,00 e U$300,00. Nada comparável a uma autêntica cabeça do século XV que chega a ultrapassar um milhão de libras em leilão da Sotheby´s. Dizem que antes de aterrissar no Pelô, houve várias tentativas de vender o conjunto a grandes museus europeus e norte-americanos, sem o menor êxito. Por quê? Falta de verba... ou falta de interesse? É evidente que se fossem peças de excepcional relevância, haveria disputa acirrada entre as grandes coleções particulares e públicas. Ou alguém acha que o Barbier-Mueller de Genebra, os Arts Premiers de Paris, National Museum of African Art de NY e tantos outros não estariam na fila com cheque em branco na mão? Então recomendamos conferir à
 coleção do Solar do Ferrão uma definição mais adequada. Conjunto de cópias sem grande valor comercial, mas, como no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia, de possível interesse documentário. Fora, talvez,  um ou outro objeto estamos longe da autenticidade exigida pela museologia responsável. 
Se o italiano tivesse coletado obras de artesões tradicionais, que trabalham para os terreiros vodus ou objetos do cotidiano, teríamos algo bem mais digno de referência. Como provou a excelente exposição sobre a cultura do Benin, com curadoria de Emanuel Araujo e André Jolly.

Francamente, não entendo nada da política de restauração do tal “Centro Antigo de Salvador”. Então, vejam: se gastam fábulas para restaurar igrejas, se gasta outra fábula (R$570 mil, sem licitação, com possibilidade de majorar de 20%) para restaurar a casa dos galegos tios de uma funcionária do Ipac e não há dinheiro para consertar a famosa Cruz do Pascoal. Ou será que estas verbas têm algo de político? Em tempos de eleição...

Ampliando sempre mais o leque de leitores: agora Guatemala, Uruguai e Mali tambem estão acessando este blog! Não é fantástico?
  Luxô! Não falem mal da televisão comercial. Esta semana, por exemplo, a Band criou uma pérola rara para desfrutar de noite após as criançinhas irem dormir. Um programa (A liga) sobre luxo. Parece bobo, dito assim, sem mais nem menos. A estrela-mor, mas não única, era uma tal de Narcisa Tambor qualquer coisa que, dizem com voz trêmula, é amiga da Imperatriz do Acre. Chegou a declarar que ama o Santo Antônio Além do Carmo. Não é ma-ra-vi-lho-sô? Reconheço que a moça merece seu nome, porque haja ego! Não faço idéia de onde provém tamanha fortuna, mas é óbvio que não teve tempo de sedimentar. Com a segurança que dá uma mega conta bancária, ela não hesita em afirmar algo como “Sofisticação se nasce com ela ou não”. Pois eu diria que a Narcisa, definitivamente, não nasceu com a varinha da fada da classe sobre sua cabeça. Agitada, risadas exageradas, ostentando sua bulimia consumista, a balzaquiana passa uma impressão de total vacuidade intelectual. Classe é discrição. Low profile. Nunca esqueçam isto. Sua residência parece uma vitrine de shopping. Nas paredes um deprimente retrato por Manabu Mabe prova a decadência de um artista que já teve época mais aceitável. Três Picasso! se deslumbra a jornalista. Na verdade, três modestas litografias. Estamos longe do Pompidou. Chega uma amigona já passada do ponto, tipo vassoura com um longo e triste cabelo amarelo tipo espanador. Declara que não adianta vestir grifes se for gorda, abomina, odeia gordas. OK, Madame. Vamos matar todas elas, já! A partir de quantos kilos?  Depois aparece outra desmiolada que gasta R$500,00 para lavar um cachorrinho trêmulo que obviamente odeia banho de pétalas de rosas e perfume francês. Outra perua é professora de boas maneiras. Parecendo uma boneca (mal) articulada, ela recebe a TV no apartamento de uma cafonice ímpar. Bem. Não dá para contar o festival de besteiras por inteiro, administrado por excelentes jornalistas. A Band deveria colocar o vídeo à venda. Seria um sucesso, quase tão grande como o inesquecível concerto da milionária americana Florence Foster Jenkins.                                
                                                    Ouça e nunca mais esquecerá!
Ofereço sem taxa extra este vídeo sobre a muito especial cantora.
Ela também tinha sua interpretação do luxo. Outro dia conto.

Recebi no dia 15 de outubro, um convite para o lançamento “Coleção de Arte Sacra Mirabeau Sampaio” no Museu de Arte Sacra. Só que o evento era no dia 14. Pelo carimbo no envelope, tinha sido mandado no dia 4. Dez dias seria mais que suficiente em qualquer cidade do mundo. Assim vão nossos Correios. De mal para pior. Perdi o livro, mas em contrapartida escapei de encontrar representantes do patrocinador Odebrecht com quem não tenho absolutamente a menor afinidade, muito pelo contrário.
                
"Os mistérios de Lisboa", do chileno Raul Ruiz é o mais falado do momento. basaedo na obra de Camilo Castelo Branco, dura nada mais, nada menos que CINCO horas, mas ao que parece, é magnífico. Fotgrafia, figurinos, direçao de atores, tudo é de alto nivel

Sobre o falecimento do velho amigo Ildásio Tavares, escrevi algo como um derradeiro abraço.“O jovem poeta” está nas crônicas.

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