sábado, 25 de fevereiro de 2012

RATOS, DESOCUPEM!

Na província do Rajastão, destino number one do turismo internacional de massa ao norte da Índia, existe um templo, o Karni Mata, onde os ratos são adorados como reencarnação de seres humanos. O edifício, tão belo quanto santo, é visitado por uma multidão de fieis que oferecem comidinhas requintadas aos bichinhos.

Esta informação contém para o baiano uma oportuna revelação. Temos aqui o filé mignon de uma fatia de turismo pouco desenvolvido na Bahia: o turismo religioso. Talvez haja, nesta terra de tantos sincretismos, uma sábia intenção, ainda sigilosa, de nossos dinâmicos e espirituais administradores: abrir uma sucursal do templo, de preferência pelos lados do bairro de Santo Antônio.

Estaria assim explicada a aparente indiferença dos poderes municipais em sanear a área dos acúmulos de lixo que, com natural conseqüência, atrai exércitos de ratos de todas as cores e tamanhos. Os indianos têm uma especial dedicação aos brancos. Qual será a cor preferida de nosso edil-mor? Por enquanto a delicada preferência ainda é segredo guardado a sete chaves. Trampolim para uma futura opção partidária?
Na minha casa já consegui matar, com imenso remorso confesso, três roedores de grande porte, em pouco mais de três semanas. Tão grandes que pensava tratar-se de sariguês.

Vejam bem: Apesar de assumidamente ateu, aceito toda e qualquer forma de crença e até adivinho na reabilitação deste animalzinho uma possível mudança de convívio. Afinal, o que é o charmoso Mickey senão um ratão? No entanto, antes da construção do templo, seria bom fazer um referendo junto à população para saber se todos concordam. Pois sabendo quanto perseguem a gente de candomblé e católicos, nada como prevenir possíveis retaliações de fundamentalistas obtusos.

Outro fator essencial, e aí o bicho pega e morde, é que os ratos detestam barulho. Como todos sabem, Salvador é a capital latino-americana do decibel, com a bênção da Sucom. Será que, por causa de uns ratos, vamos ser obrigados a baixar o volume de nossos porta-malas, playgrounds e barzinhos? Era o que faltava!

Dimitri Ganzelevitch

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