sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CARTA DE UMA JORNALISTA DE TURISMO

Sou jornalista para uma revista de viagens. Para esta, faço reportagens no mundo inteiro ha vários anos.
Em maio 2012, fui a Salvador da Bahia pela primeira vez para realizar uma reportagem sobre turismo em Salvador, e depois ao Morro de São Paulo.
E também para assistir ao Salão de Turismo que estava acontecendo lá, com entusiasmo e encantada por descobrir finalmente os tesouros da mais africana das cidades brasileiras.
Infelizmente, nossa viagem de imprensa não aconteceu no melhor momento. Chuvas contínuas caíram durante dias seguidos, o que dificultou nosso trabalho em exterior. Especialmente para as fotografias.
Podia ter sido diferente se a organização (administrada pela Bahiatursa) tivesse pensado em modificar o programa desta viagem de imprensa internacional, do qual participavam dezenas de jornalistas vindo do mundo inteiro para o Salão de Turismo.
Fomos hospedados a mais de hora e meia da cidade velha (e do Salão !) numa periferia sem grande interesse e, sistematicamente, pegávamos a estrada para o centro da cidade nas horas de pico. O que quadruplicava o tempo do trajeto, as vezes presos durante mais de três horas nos engarrafamentos.
Além disso, o hotel-resort onde dormíamos não tinha nenhum interesse para nossas reportagens vistos a qualidade do serviço, a higiene, e o simples fato que ninguém falava nem inglês nem espanhol.
Durante esta viagem de imprensa, ninguém nos foi apresentado. Em outros termos, ás vezes, pessoas da Secretaria de Turismo ou donos de hotéis e receptivos jantavam a nossa mesa, mas como não sabíamos quem eram, impossível portanto de entrevistar ou aprofundar nosso trabalho.
Para nosso grupo, havia uma guia tradutora, ela também jornalista, que tinha muita dificuldade em comunicar-nos as informações em inglês. Assim que nosso grupo mais parecia uma colônia de férias.
No nosso planejamento inicial, a visita ao Pelourinho parecia estar no programa, mas finalmente a Bahiatursa resolveu eliminá-la por causa da chuva, sendo difícil nossa subida a cidade velha. Em contrapartida a excursão de barco até o Morro de São Paulo foi mantida. Mesmo assim levamos 7 horas para chegar lá.
Na ilha, tivemos que organizar, por iniciativa própria, entrevistas, visitas de pousadas, encontros com gente da terra, já que a viagem chegava ao fim a não tínhamos ainda nenhuma matéria.
Claro que a meteorologia não nos ajudou, mas em nenhum momento a Bahiatursa pensou em mudar a programação, organizando vistas de museus ou hotéis.
Temos a sensação de ter passado dez dias no avião, nos ônibus e quartos de hotéis. Uma catástrofe. O pior sendo a falta de eficácia do pessoal nos pontos turísticos e muitas vezes o desconhecimento de outra língua a não ser o português.

Felizmente, resolvemos, com minha fotógrafa, deixar o grupo da viagem de imprensa. Isto, pela primeira vez em toda minha carreira.
Queríamos salvar esta reportagem organizando nos mesmas os últimos dois dias em Salvador.
Tivemos a imensa alegria de sermos recebidas no Hotel Villa-Bahia e assim descobrir o mais maravilhoso aspecto de Salvador para turistas: Sua cidade antiga, suas igrejas, seus bares, escolas de dança, mercados e mais ainda: fazer encontros inesquecíveis. O diretor do Villa-Bahia soube organizar dois dias fabulosos pela cidade e nos desvendar todos seus segredos, recuperando assim o máximo do tempo perdido.
E isso tudo em francês! Se não fosse este encontro, teríamos anulado a divulgação da reportagem e teríamos guardado uma lembrança muito negativa desta parte do Brasil, país tão surpreendente.

Se puder deixar um recado, seria que os atores do turismo baiano despertassem para enfim fazer desta cidade o primeiro destino para os europeus que desejam conhecer o Brasil.
É importante formar o pessoal para estar atento ao que estes turistas esperam, ensinar pelo menos uma outra língua, conseguir um melhor fluxo do trânsito que, por enquanto, assusta quem pretende chegar ao centro da cidade, e não esquecer que o que os turistas esperam de uma viagem tão cultural não é um resort ou uma cidade falsamente high-tech, mas encontros, tesouros coloniais e as verdadeiras cores do passado. Salvador possui todas estas jóias.

5 comentários:

  1. ISSO É O RESULTADO DO INVESTIMENTO NOS CARGOS DE GENTE COMPLETAMENTE INAPTA PARA EXERCÊ-LOS. ENQUANTO OS CRITÉRIOS POLÍTICOS PARTIDÁRIOS DETERMINAREM ESSAS INDICAÇÕES TEREMOS RESULTADOS COMO ESSE QUE SÓ AGRAVA A SITUAÇÃO PRECÁRIA DO TURISMO NA CIDADE.

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  2. Depoimento terrivel , que revela , em toda sua nudez , a decepcionante visita de uma jornalista internacional de turismo à Cidade do Salvador . Uma vergonha para os nossos brios !

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  3. Dimitri.
    O depoimento acima, é um libelo acusatório de uma profissional qualificada
    na área de turismo com absoluta responsabiliade profissional de quem en-
    tende do mister. No meu retorno de uma das viagens a paises nórdicos,re
    centemente, fiz duras críticas blicada no jornal A TARDE,e até com alguma
    repercussão de leitores do conceituado jornal. Turismo no Brasil e no par
    ticalar na Bahia, é , simplesmente uma vergonha para todos nós. Valeu a
    sua informação e alerta, aos ¨¨gestores¨ incompetentes.
    CLIMERIO ANDRADE

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  4. Enquanto os cargos nos pontos mais importantes da administração pública forem por política e não por competência, o resultado será sempre esse. Ainda vivemos na Bahia a era dos coronéis.

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  5. Fui Aluno do arquiteto e historiador Francisco Soraes de Senna (Chico Sena) e do historiador baiano Cid Teixeira e apos conclusão do curso de turismo fui trabalhar com receptivo internacional e recebi verdadeiras enxurradas de grupos de italianos e espanhóis entre 1980 e inicio dos anos 90. Em 1986 fui convidado a trabalhar na Bahiatursa de Paulo Gaudenzi, onde tive a hora de contribuir para a organização do El Mercado (atual Mercosul) e recebi muitas autoridades e jornalistas estrangeiros ao longo dos anos! Posso dizer de cátedra; Na época de ACM se levava muito a sério a segurança e o turismo e competíamos diretamente com o Rio de Janeiro o primeiro lugar! Recebíamos muitos vôos regulares internacionais e charteres! Haviam projetos sérios e divulgações internacionais!

    Hoje o governo do PT conseguiu enterrar o turismo na Bahia e no Brasil em geral! Esse desgoverno petralha, além de corrupto, entregou a nossa segurança nas mãos dos bandidos e graças ao Jaques Wagner e seu aliados do explícito "trem da alegria", Salvador hoje é a cidade mais violenta do Brasil (Média de trinta assassinatos por fim de semana) e isso se repete por todo o Estado da nossa amada Bahia! Como se não bastasse; a saúde e a educação estão em franca decadência, salários dos servidores são humilhantes e a população de paupérrimos aumenta cada vez mais, graças aos míseros R$ 80,00 do "Bolsa família", enquanto o ex-sindicalista tem hoje uma das maiores fortunas do Brasil, avaliada em mais de três bilhões de reais! Intermediações, desvios de verbas, comissões milionárias e mensalões cada vez mais explícitos e descaradamente negados!

    "A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêem nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
    De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agitarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto….”

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