sexta-feira, 17 de agosto de 2012

VALEU A PENA, SIM!



Alguém conhece o jovem trabalhador nesta foto?



É o José Ramos, um dos meus alunos do curso de metalurgia que ministrei em 1970 na Escola Agro-Industrial de Jequitibá, Município de Mundo Novo, Ba.

José Ramos iniciou o aprendizado sem preparo nenhum, mas acreditou no pouco que aprendeu comigo, perseverou e se tornou um ferramenteiro competente(1).


Em 1970, José Ramos, então com 16 anos e apenas 5 meses de escola - as aulas eram ministradas por uma professora leiga, num cafundó chamado Covão, a meia légua de Jequitibá - mal sabia desenhar o nome dele.

Já em Jequitbá, tendo que aprender tecnologia metalúrgica e desenho mecânico, além de aritmética e noções de medida, Zé Ramos tinha dificuldades enormes até para pronunciar palavras como "milímetro"!
Nas aulas práticas de oficina, ele também errava, dava risada das próprias falhas e tentava de novo! Ele insistia nas operações, errava, ria e tentava de novo! Em pouco tempo ele conseguiu adqurir uma habilidade manual impressionante. Hoje, mais de 40 anos depois, me lembro ainda que Zé Ramos logo afiarva brocas helicoidais tão bem como eu!(2)


Deixei Jequitibá em novembro de 1970, vindo a Salvador para ensinar na Escola Técnica da Bahia, perdendo de vista esses meus primeiros alunos.
Reencontrei Zé Ramos 10 anos mais tarde numa empresa no CIA.
Conversando com Zé Ramos, eu soube que ele, depois de vir do interior para morar em Simões Filho, tinha feito a escolinha da Robert Bosch, tornando se ferramenteiro(3).
Quando o descobri naquela oficina, cercado de chapelonas, instrumentos de medição, a calculadores protegida por um estojo de plástico transparente, tive uma das surpresas mais agradáveis de minha vida!


Desde aquele dia tenho a impressão que a minha vinda para o Brasil valeu a pena!

A foto mostra José Ramos em 1980 durante a inauguração de uma grande metalúrgica no Centro Industrial de Aratú, recebendo uma comenda na mão do ex-ministro Mário Andreazza.
Agora você tambem conhece o Zé Ramos! Não só um ou outro papagaio de pirata retratado na foto! hehehe

Reinhard Lackinger

(1)   Zé Ramos era de longe o aluno mais novo e mais fraco daquela, turma! Mas elevenceu! Outros, que tinham estudado até o segundo ano ginaisial, vieram a Salvador  trabalhar numa obra ou como frentista. Alguns desistiram tempos depois e acabaram voltando para o interior. Tive notícias deles durantge visitas ao Mosteiro de Jequitibá anos mais tarde.

(2)  Você me condena se essa lição de vida me faz acreditar na eficácia do sitema de cotas? Você já viu como fica a Caatinga depois de umas horas de chuva? Emmenos de um dia tudo fica verde e florido, com os passarinhos fazendo a maior zona nas poças d`água. Não sei se em outro lugar do mundo a gente vê vida brotar a olhos vista como no Brasil!

(3)  Não sei se ainda existe a Robert Bosch no CIA, nemsei se ainda mantém a escolinha. Nos anos de 1970 aquela empresa alemã recruava os melhores alunos do SENAI para formar lá mesmo a mão de obra qualificada que precisava. O fato do Zé Ramos ter sido escolhidopara faze essa escolinha é motivo de orgulho para um cara cabotino e garganteiro como eu!

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