terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A SEGURANÇA NO MAMBa

O diretor teatral italiano Attilio Piscitelli - Tito para os amigos - foi assassinado na noite do sábado 24 de novembro, pelas 21:00 num beco da Ladeira dos Aflitos, centro de Salvador.
Voltava do Jam no Mam, muito frequentado pela juventude "antenada" soteropolitana e por turistas.
O corpo foi achado ás 22:00 por um morador do dito beco que voltava com a namorada do mesmo evento musical. 
Durante mais de uma hora ele tentou, em vão, comunicar o fato a Polícia pelo 190, mas ninguém respondia, tocava ocupado ou número errado. Já o SAMU recusava se deslocar sem o aval da polícia.
Finalmente quando a polícia chegou já passava da meia-noite.

É de conhecimento público a periculosidade da área em tempo normal, mais ainda quando quase 2 mil pessoas vão até o Solar do Unhão, muitas delas saindo tarde do show, sem policiamento adequado.
Outro morador da Ladeira dos Aflitos foi assaltado com facão, perto de sua casa,  por dois jovens numa quinta-feira, ás 17:00. Ou seja, em pleno dia. 
Dias depois, ao sair do Jam no MAM reconheceu sem a mínima dúvida um dos assaltantes, agora guardador de carros estacionados na Avenida Contorno. 

Estranhando estas informações, fui pesquisando mais sobre a absurda falta de segurança em tão sensível parte da capital. 
Soube de outro morador da Ladeira dos Aflitos que três amigos seus foram assaltados também na saída do MAM em menos de seis meses.

E agora, João? E agora Jaques? E agora ACM ?

Perguntei então a diretora do museu Stella Carrozzo - que acaba de ser defenestrada igual ao então ministro Cristovam Buarque - e ela me mandou estes e-mails reveladores.

Se algo está podre não é somente no reinado da Dinamarca!


"Caro Dimitri, já tive várias reuniões, com o antigo secretário de Cultura, com o atual, com vários comandantes da PM, responsáveis pela área do MAM-BA (por incrível que pareça, esta parece ser uma zona "batata quente": ora a responsabilidade é do 18º Batalhão da PM, ora do 16º....) Conheci alguns comandantes, pelo visto há alta rotatividade no cargo. A todos pedi, implorei, mostrei a necessidade de se policiar ostensivamente a área... No início do ano passado, me reuni até com o Secretário de Segurança Pública, pedindo sempre o mesmo: o compromisso da Secretaria na manutenção de um serviço permanente de proteção  com policiais o tempo todo na área do museu, da Contorno e da subida do Largo 02 de Julho. A resposta é sempre a mesma: "temos poucos efetivos..." Dependendo do comandante no cargo, conseguimos que pelo menos duplas de policiais fiquem postados na entrada do museu, pela manhã e pela tarde. Mas eles não são assíduos, e muitas vezes ficam circulando.... dentro do museu!!!!! Quando vejo isto acontecer, falo com os próprios policiais, entro em contato com o comandante, mas pouca coisa muda.... Pelo visto há muito mais interesses envolvidos neste jogo do que podemos imaginar, porque ninguém assume esta batalha.
Bom, em frente. Me sinto, sinceramente, desanimada. E esta é apenas uma das muitas questões problemáticas que atingem o museu..." (13/12/12)


"...Esta é uma questão que tentei resolver desde que entrei no museu, tentei inclusive fazer com que jornalistas dos dois maiores jornais iniciassem uma campanha exigindo maior segurança para a área, mas você sabe como são pouco corajosos quando o governo está envolvido, não? Você é voz dissonante mesmo..."(18/12/12)

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