quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PARIS: SEM LULA, JANTAR DE GALA PARA DILMA


Os imensos lustres de cristal que decoram o salão de festas do

Palácio do Eliseu, a sede do governo francês, em Paris, não

 ofuscaram a verdadeira constelação em que consistia a lista de

 convidados do jantar de gala oferecido pelo presidente francês,

François Hollande, em honra à presidente Dilma Rousseff, na 

noite desta terça-feira. Celebridades e a elite do empresariado 

francês se misturaram à alta cúpula do governo socialista, que 

recebia pela primeira vez a brasileira em uma visita de Estado.

As homenagens estavam por toda a parte. Cada uma das 27 

mesas dispostas num dos mais belos salões de recepção da 

França, havia o nome de uma capital brasileira. Enquanto na 

"Brasília" os presidentes sentaram lado a lado, na "Rio de 

Janeiro", "Vitória" ou "Porto Alegre" foram estrategicamente 

posicionados nomes de destaque da política francesa, como o do 

primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault e do ex-premiê Lionel 

Jospin, além de nada menos do que 15 ministros do 

governo.Mas também apareceram os nomes do ex-jogador de 

futebol Raí, do chef Alain Ducasse, da estilista Agnes B. e da 

apresentadora de televisão francesa Claire Chazal. Donos de 

fortunas brasileiros e franceses também circularam pelo 

luxuoso salão, como os presidentes das poderosas companhias 

Casino (dona do Pão de Açúcar), Dassault (fabricante dos caças 

Rafale) e a petroleira Total, do lado francês, e as construtoras 

brasileiras OAS e Andrade Gutierrez. Somados aos jornalistas - 

inclusive os correspondentes brasileiros em Paris, convidados 

pela primeira vez para uma ocasião como esta -, 250 pessoas 

degustaram o jantar.

No cardápio, a entrada de vieiras marinadas e o tartare de 

salmão defumado ao molho de pimenta rosada foi servida antes 

de um tenro frango de Bresse gratinado com parmesão, 

acompanhado de suflê de batatas com cenouras. Uma torta de 

mousse com avelãs fechou o banquete, regado a vinhos e 

champagne, evidentemente nacionais. Os brindes foram 

celebrados em taças de cristal onde se liam as iniciais RF, para 

República Francesa - assim como os pratos de porcelana, 

fabricados à mão pela marca Puiforcat, que estampavam a 

inscrição "Palácio do Eliseu" no verso. Cada prato pode custar 

até 6 mil euros.

No vai e vem sincronizado dos garçons de fraque, o grande 

ausente foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que 

cancelou a presença de última hora - em mais uma tentativa de 

escapar ao assédio da imprensa diante das novas denúncias 

feitas pelo publicitário Marcos Valério à Procuradoria-Geral 

da República. "Ele estava cansado", justificaram próximos ao 

petista, que cumpre agenda em Paris desde segunda-feira.

Além da ilustre relação de presenças, a trilha sonora com 

partituras do século 17 e as peças do serviço de prata maciça - 

as da sobremesa eram ainda banhadas a ouro - não deixavam 

dúvidas: Hollande queria estender com toda a pompa o tapete 

vermelho à delegação brasileira. Neste ano, apenas um segundo 

país, a Itália, terá recebido distinção semelhante - enquanto que 

o ex-presidente Nicolas Sarkozy ofertou um jantar de Estado a 

somente sete líderes mundiais ao longo de seus cinco anos de 

mandato.

Ao lado de Hollande, que permaneceu com um largo sorriso no 

rosto ao longo de toda a noite, sua companheira Valérie 

Trierweiller atraiu os olhares indiscretos masculinos e de 

admiração femininos. Elegante em um discreto vestido preto e 

cinza acinturado, a companheira do presidente - que até agora 

não conseguiu sequer se aproximar da popularidade de que 

desfrutava a antecessora, a cantora e ex-top model Carla Bruni 

-, parecia deslocada, posicionando-se sempre atrás do 

presidente e se esforçando para não ocupar um papel de 

primeiro plano no evento. A postura faz parte de uma busca que 

já dura sete meses pelo papel ideal de primeira-dama quando, 

antes do poder, exercia a profissão de jornalista - no que muitos 

vêem como cargos incompatíveis.

Nem sempre acompanhado de Dilma, o casal anfitrião fez 

questão de passar em todas as mesas para cumprimentar os 

convidados. As mesas, aliás, eram decoradas com arranjos de 

minirrosas e pétalas espalhadas sobre a toalha branca, onde 

também estavam dispostos envelopes em papel machê, fechados 

com um delicado cordão nas cores do Brasil. Dentro dele, 

encontravam-se os discursos oficiais realizados na abertura do 

jantar, o menu e a trilha sonora tocada ao vivo pela Orquestra 

de Cordas da Guarda Republicana do Palácio do Eliseu - 

incluindo Tom Jobim e Villa Lobos.

Pontualmente às 23h, os instrumentos silenciaram e o casal 

presidencial dirigiu-se à saída - no rígido protocolo francês, 

este é o sinal de que a noite, literalmente excepcional, havia 

chegado ao fim.

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