terça-feira, 22 de janeiro de 2013

HUMAN BOREDOM


Poesia e constará de uma antologia em homenagem ao escritor homônimo.

Bom augúrio para 2013!




HUMAN BOREDOM

É um equívoco.

Não estou cansado de minha vida,
mas da vida em geral.

Da vida dos homens que pintaram bisões
nas paredes das cavernas.
Da vida dos astronautas que caminharam pela Lua.
Da vida dos homens transgênicos do futuro:
meio-gente, meio-máquina.

Estou cansado
de tua vida – que supões ser única!
caro leitor;
não importa se
hipócrita ou sincero.


Do spleen de Baudelaire pelas ruas de Paris.

Do tédio dos poetas russos
que preferiram morrer de vodka.

Do tédio fingido de Pessoa.

Do tédio dos poetas no exílio,
que após longos e tenebrosos invernos,
desejam ver sabiás cantando em palmeiras.

E do tédio de Eliot, que morreu cansado
da própria vida e da vida dos homens
que viriam depois dele.

Mas não do mar:
planície ondulada, verde, azul, cinza, prata
estendendo-se até o infinito
pontilhada de barcos e ondas e espumas e aves.

Marcos A. P. Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails