sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A ESPERA


Nildávia esperava desde sempre. Esperou a idade chegar, o amor aparecer, o casamento se estabilizar, os filhos crescerem, o dia raiar e a noite morrer. Esperava como se não houvesse outra coisa a fazer. Sempre esteve esperando, silenciosa, que algo de especial acontecesse. Enquanto isso, ia vivendo, na labuta diária e comezinha de todos os dias. Acordava, trabalhava, dormia e esperava. A idade chegou, o amor virou outra coisa, o casamento seguiu, os filhos se foram, o dia continuou raiando e a noite morrendo. E ela, incrédula com a demora, nem percebia que aquilo que tanto esperava já estava acontecendo desde sempre em sua vida.

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