domingo, 22 de junho de 2014

PROMESSAS, PROMESSAS...

Ricardo Teixeira, Lula e Joseph Blatter em imagem de 2010; união para fazer a Copa do dinheiro público                                                                  Sempre estas ligações perigosas...
Em 2007, quando o Brasil se candidatou a receber a Copa, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro dos Esportes da época, Orlando Silva Júnior, eram categóricos em afirmar que os estádios seriam erguidos exclusivamente com dinheiro privado.
Hoje, a realidade não poderia estar mais distante da promessa. 100% dos estádios da Copa foram ou estão sendo construídos com algum percentual de dinheiro público, resultando em um custo de mais de R$ 8 bilhões. Em 9 das 12 arenas da Copa, não houve ou há um centavo de recurso privado bancando as obras. E, em todas as arenas, os custos finais das empreitadas são muito maiores do que as projeções iniciais.
O que explica tamanha discrepância entre o planejado e o executado? É custoso crer que em algum dia foi seriamente cogitado erguer os estádios da Copa exclusivamente com dinheiro privado. Por mais de um motivo.
Pela lista de estruturas exigidas pela Fifa para as arenas, sabida desde o início do processo, não havia um só estádio preparado no país para receber o evento sem antes passar por reformas milionárias.
O Brasil poderia ter organizado uma Copa com apenas oito ou dez cidades-sedes. O governo federal, porém, divulgou em 31 de maio de 2009 a opção por 12, incluindo entre elas cidades sem clubes de tradição no futebol nacional, como Brasília, Cuiabá e Manaus. Ou seja, três cidades onde dificilmente haveria retorno econômico oriundo do futebol para os investidores privados.
 
Mas não é somente nessas cidades que o pretenso desejo de se fazer "a Copa do dinheiro privado" parece apenas jogo de cena. Nas demais nove sedes, a obrigação contratual de erguer arenas padrão Fifa em um tempo exíguo era do poder público brasileiro.
Ora, qualquer clube de futebol do país - em sua maioria endividados e com impedimentos judiciais para tomar empréstimos de alto vulto - ou empreiteira que fosse assumir o compromisso de levantar do chão tais estádios em menos de cinco anos naturalmente exigiria dos governos (federal, estadual ou municipal) garantias e vantagens para entrar no negócio. Afinal, a tarefa era árdua, o tempo era exíguo e o compromisso era do Brasil, não dos clubes, construtoras ou investidores privados.
Assim, a Copa do dinheiro privado naturalmente se transformou na Copa do dinheiro público, independentemente da modelagem financeira da construção ou da realidade do futebol local onde as arenas foram erguidas. Veja, abaixo, o caminho que levou o contribuinte brasileiro a empenhar bilhões de reais em estádios de futebol padrão Fifa 

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