terça-feira, 30 de setembro de 2014

CASAS TULOU (CHINA)


Tulou de Fujian (chinês tradicional: 福建土樓, chinês simplificado: 福建土楼, pinyinFújiàn Tǔlóu) é um tipo de moradia rural chinesa1 do povo Hacá nas regiões montanhosas do sudeste de Fujian, na China. A maioria foi construída entre os Séculos XII e XX.2
Um tulou é uma construção grande e fortificada, com formato comumente retangular ou circular, com paredes bem espessas e que pode abrigar mais de 80 famílias. As construções de interior menor são envoltas por estas paredes altas e podem conter armazéns, poços e a´reas comuns, com a estrutura toda lembrando uma cidade fortificada.3

As estruturas externas fortificadas são compostas de terra compactada, misturada com pedras, bambumadeira e outros materiais, a fim de conferir mais firmeza às paredes. O resultado é uma construção leve, bem ventilada, à prova de ventos e terremotos, quente no inverno e fresca no verão.3 Os tulous geralmente possuem apenas um portão, protegido por portas de madeira reforçadas com uma concha externa de placas de ferros. O nível superior dessas construções possuem buracos para canhões com propósitos defensivos.

O FUTURO FOI ONTEM

AMIGOS, O FUTURO FOI ONTEM (Alô, alô, Chico Mazonni, Jamison Pedra e outros da "guerra" visual!)

Vivemos sim, desde priscas eras, de premonições, e premonições reais. Estava garimpando badulaques informativos acerca da eclosão do movimento DADÁ, em 1916, no bojo da primeira grande guerra mundial, de que foi a principal consequência para as artes e a cultura de modo geral - ao ponto de, a meu ver, mais que 1968, ser um ano que ainda não terminou - no intuito de reescrever um texto para possível publicação dentro de meses, se a catástrofe editorial da Bahia permitir, e eis que me deparo com algumas novidades. Uma delas foi a ação do arquiteto italiano Antônio Sant´Elia (1888-1916), que morreu em plena guerra com meros e imaginativos 28 anos de idade, trespassado no front por um tiro de obus. Nós que ficamos embasbacados com os ousados projetos arquitetônicos de edifícios que se levantam (ou levantaram) em Nova York, São Paulo, nos Países Bascos, e até em Dubai, no inóspito deserto árabe, e em outros lugares mundo afora, temos de ficar impressionados, como fiquei (talvez por não ser arquiteto ou urbanista), com os projetos desse italiano elaborados de 1911 a 1914, entre os 23 e 26 anos de idade. Não duvido que daí tenham vindo muitos dos monumentos visuais, de linhas revolucionárias, que se espalham pelas grandes metrópoles de hoje, inclusive naquelas soluções arquitetônicas em que ele previu formas e torres interconectadas e outras ousadias. No caso de minhas ânsias dadaístas, não é este fenômeno artístico que está me interessando por motivos óbvios, mas o que imaginou e desenhou e realizou Sant´Elia é de admirar, refletir e nos deixar boquiabertos. Impressionante, pelo menos para um leigo. É por isso que foi chamado o arquiteto do futuro. Vejam esses anexos; um deles, ele, no front.
FLORISVALDO MATTOS

UM JOGADOR SE SUICIDA

O jogador que se matou depois de uma vida de ofensas racistas e homofóbicas

Atacante Justin Fashanu em 1993, três anos após assumir homossexualidade
Atacante Justin Fashanu em 1993, três anos após assumir homossexualidade

Numa manhã de maio de 1998, Justin Fashanu foi encontrado pendurado no teto de uma garagem em Londres, com o pescoço enrolado em um fio elétrico e um bilhete ao lado. Em suas últimas palavras naquele bilhete de suicídio, ele escrevera que a justiça nem sempre era justa com todos e pedia a Jesus Cristo que o recebesse bem "em casa".
Terminava assim a vida do primeiro jogador de futebol profissional a assumir publicamente ser homossexual. Fashanu também foi o primeiro negro a ser vendido por 1 milhão de libras, na Inglaterra da década de 1980. Centroavante clássico, teve uma passagem meteórica pelo Norwich City e outra frustrante pelo Nottingham Forest.
Seu pioneirismo, tanto por ser abertamente gay quanto por ser um negro de sucesso, trouxe consequências terríveis para sua vida. Durante décadas, ele sofreu vários tipos de abuso em um ambiente preconceituoso como o futebol. E recebeu pouquíssimo apoio em uma época em que homossexualidade no esporte era um tabu ainda maior do que é hoje.
Filho de nigerianos, Justin Fashanu e seu irmão John foram abandonados ainda bebês pelos pais biológicos e viveram em orfanatos até serem adotados por uma família branca. Seus amigos de infância dizem que ele tinha dificuldade de se aceitar negro e desejava desesperadamente ter nascido branco. Aos 14 anos, começou nas categorias de base do Norwich City e rapidamente se destacaria como um talentoso centroavante.
Em suas primeiras temporadas como profissional, conseguiu a boa marca de 35 gols em 90 jogos, mas foi depois de um deles que Fashanu foi catapultado ao estrelato do futebol inglês aos 18 anos.
Contra o Liverpool, o então campeão europeu de clubes, o atacante acertou um impressionante voleio, de fora da área, de esquerda, sem chance para o goleiro rival, um lance que foi eleito o gol do ano e retransmitido à exaustão por todos os canais esportivos do país. Naquela altura, o começo dos anos 80, atletas negros não eram incomuns no país, mas Fashanu foi o primeiro ser perseguido pelos grandes clubes.
Não demorou muito para que o Nottingham Forest, que àquela altura estava em um grande momento, o contratasse por 1 milhão de libras – nunca um time inglês havia pagado tanto por um jogador negro.
Bananas
Desde seus primeiros anos da carreira até os últimos, Fashanu sempre foi alvo de ofensas racistas vindas das arquibancadas. Torcedores imitavam macacos quando ele pegava na bola e atiravam bananas sobre seus pés. Um dia, num gesto de desprezo que seria imitado duas décadas depois, ele recolheu uma das bananas do gramado e a comeu para ridicularizar seu ofensor.
Mas foi no Nottingham Forest que ele começou a sofrer as maiores pressões contra a sua sexualidade. Aos 20 anos, ele tinha acabado de se descobrir gay, conforme contou a seu amigo e confessor Peter Tachell, um famoso militante pelos direitos civis homossexuais. O técnico do Nottingham era Brian Clough, um homem famoso por dirigir seus times com mão de ferro e não admitir fraqueza de seus comandados – obrigava os atletas, por exemplo, a caminhar sobre urtigas só para testar sua obediência.
Divulgação / Norwich City
"Uma bichinha." Foi assim que o técnico descreveu Fashanu logo que o atacante chegou ao clube. Naquela época, ele ainda não havia saído do armário, mas já corriam rumores sobre sua sexualidade porque muitos torcedores o avistavam entrando e saindo de boates gays na cidade.
Sabendo disso, o treinador foi ter uma conversa com Fashanu exigindo que ele deixasse de frequentar boates gays. Ele não obedeceu. A relação entre os dois, que já começara turbulenta, nunca melhoraria. Em um treino, querendo mostrar serviço e agradar o técnico, Fashanu foi cobrar um escanteio e Clough berrou: "Eu não paguei 1 milhão para você bater escanteio. Vá para área agora!"
Outro dia, antes de um jogo, o atacante disse que não se sentia bem para jogar e recebeu do treinador um tapa na cabeça. "Sempre que eu falava com ele, ele começava a chorar", lembrou Clough em sua autobiografia. "O que eu podia fazer? Eu era um técnico, não um psicólogo."
Confiando que a causa do desprezo de Cough eram os boatos sobre sua sexualidade, Fashanu inventou um romance com uma mulher e convidou o técnico para conhecê-la. O treinador descobriu a farsa logo no começo do encontro e teve certeza sobre a orientação do jogador.
Nesse ambiente hostil, não surpreende que Fashanu não tenha conseguido repetir em campo seu bom desempenho no ano anterior. Seu nome passou a ser muito questionado no clube.
Ao mesmo tempo, ele tinha dificuldade de aceitar sua própria sexualidade e procurou ajuda no Cristianismo, que considerava seus hábitos pecaminosos. Cansado de viver uma vida dupla, cheia de mentiras, ele cogitou pela primeira vez sair do armário, mas temeu as consequências esportivas da revelação.
Uma séria lesão no joelho dificultou ainda mais seu desempenho em campo, e ele foi vendido pelo Nottingham por apenas uma fração do que o clube havia pagado por seu passe. "Foi o pior dinheiro que nós já investimos em um jogador", diria o treinador Brian Clough.
Saindo do armário
Em 1990, entre mesas de cirurgia e atuações erráticas por clubes menores, Fashanu negociou uma entrevista exclusiva com um tabloide na qual revelava ao mundo que era gay. "Eu queria fazer algum coisa boa, então decidi dar o exemplo e sair do armário", disse ele. A revelação foi recebida de maneira raivosa pelas pessoas de quem ele esperava ter apoio.
Seu irmão John, que crescera com ele e também era jogador, disse que as palavras de Justin envergonhavam a família. O colunista de um jornal voltado à comunidade negra acusou Fashanu de manchar a imagem dos negros na Inglaterra.
As torcidas adversárias acirraram as provocações homofóbicas toda vez que ele tocava na bola. Se por um lado Fashanu tentava tirar sarro das provocações ao respondê-las mandando beijinhos e balançando o bumbum para as arquibancadas, por outro elas o machucavam por dentro, de acordo com seus amigos próximos.     
Gente do futebol dizia que não haveria espaço no esporte para efeminados, enquanto gente de fora do futebol dizia que as alegações de Fashanu eram só um jeito de ganhar atenção da mídia e fazer dinheiro.
Em algumas ocasiões, eram mesmo. Fashanu caiu em descrédito público ao vender entrevistas aos tabloides alegando ter tido relações sexuais com políticos e outros famosos. As alegações foram consideradas falsas depois.
O melancólico final de sua carreira foi marcado mais por sua presença nos tabloides do que por suas atuações em campo, embora ele tenha continuado a fazer gols até os últimos anos.
Nos Estados Unidos, tentando recomeçar como técnico de futebol, ele foi acusado de ter estuprado um adolescente de 17 anos. Em Maryland, o Estado onde ele vivia, a idade mínima de sexo legal entre um adulto e um adolescente era 16 anos. Mas, na época, sexo homossexual era proibido.
Em seu bilhete de suicídio, Fashanu se dizia inocente da acusação de estupro e afirmava que o adolescente havia consentido a relação sexual e tentara lhe extorquir dinheiro no dia seguinte. O ex-jogador acreditava que a Justiça não o julgaria de maneira justa porque ele já havia sido previamente condenado, e por isso, tirava sua vida. "Para não trazer mais sofrimento para a minha família", dizia o bilhete.
Compaixão e sensibilidade
Fashanu era sem dúvida uma pessoa mal resolvida com seus próprios problemas, e o fato de não ter sido aceito pelo ambiente e pela própria família só agravou sua inadequação. Na segunda edição de sua autobiografia, lançada após o suicídio, o técnico Brian Clough afirma que ele deveria ter prestado mais atenção no jogador.
"Quando você descobre um cara tirando a própria vida, um cara que trabalhava com você e por quem você era responsável, você tem que olhar para trás e perguntar o que poderia ter feito melhor e não fez", reflete ele. "Hoje eu sei que deveria ter lidado com Fashanu de um jeito diferente, talvez com mais compaixão e sensibilidade."
Seu irmão John, que hoje tem negócios na Nigéria, um país onde a homossexualidade é um crime, chegou a dizer que Fashanu na verdade não era gay e só saiu do armário porque queria atenção. Mas sua filha Amal, sobrinha de Fashanu, fez um documentário em 2012 no qual discute a homofobia do futebol.
Ela se diz muito orgulhosa de ser sobrinha do ex-atacante do Norwich. Hoje, existe uma campanha em seu nome para combater a homofobia nos gramados e incentivar jogadores a revelarem a sexualidade. Nenhum outro jogador homossexual na Inglaterra se assumiu após Fashanu fazê-lo.

DOIS IGUAIS NÃO FAZEM FILHOS

DEPENDÊNCIA

AFRICANOS EM PERNAMBUCO

MARGEM DE ERRO

OUTRA OPINIÃO

Faço minhas as palavras desse médico.
Elena Rodrigues
 
 
Texto do Dr. Artur Gonzales, da Incor, Hospital particular em Santo Antônio de Jesus.

Voto em Dilma.Sou médico,empresário, sofro com a ineficiência dos serviços públicos, com a violência, a alta carga tributária, a ineficiência da mão de obra.... não recebo bolsa família, não tenho cargo ou qualquer negócio com o poder público, exceto credenciamento com o Planserv.Não concordo com a corrupção ou com o modo de fazer política no nosso país.Voto em Dilma pelo projeto de distribuição de renda, resgate dos miseráveis, o aumento dos investimentos em educação e a visão de estado. Não acredito no mercado. O que vejo é uma mudança brutal na base da nossa sociedade, a renda melhorando para todos , mais jovens nas universidades e nas escolas técnicas .Aqui em Santo Antônio vejo uma universidade federal se consolidando, a construção de uma escola federal,milhares de casas do “Minha Casa Minha Vida” , na roça Luz para todos... Vejo e observo uma melhoria consistente.A maioria dos meus funcionários fazendo faculdade, alguns na federal, outros com bolsa pro uni, ingressos pelo Enem ou Sisu, negros , pobres, pessoas da  zona rural inclusive cursando medicina.Novos desafios pela frente, mas tiramos o povo da fome e se tem hoje perspectivas palpáveis, que cada um faça por si, já que não morreu no primeiro ano de vida como no passado.
Saudações patrióticas!

Comentário do blogueiro
Não é a primeira vez que coloco no meu blog opiniões diferentes das minhas. Acho muito importante a libre expressão de todos, desde que seja de forma civilizada. Elena é uma velha amiga, alguém de alto valor moral, com ética. Coisa rara na nossa época imediatista.

PEDRA NA GENI



Malu Fontes: Dalva Sele - joga pedra na Geni
A menos de uma semana para as eleições, a responsável pelo Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, continua sendo uma das estrelas da campanha eleitoral, uma espécie de bucha de canhão para partidos de diferentes matizes, cada um querendo empurrá-la no colo do opositor. Embora ela tenha irrompido na cena eleitoral a menos de um mês das eleições, entrou para a história política da campanha 2014.
No entanto, se o cidadão comum fizer as devidas considerações sobre o histórico do episódio que catapultou Dalva ao estrelato no horário eleitoral baiano, ou seja, como uma organização não governamental, o instituto recebe milhões dos cofres públicos para concretizar um projeto de habitação, as casas não saem do chão (pelo menos a maioria delas) e o dinheiro vai parar nem Deus sabe nos bolsos de quem, o que sobra é indignação e incredulidade.
Indignação e incredulidade diante dos métodos tão inexplicavelmente ineficazes usados pelo poder público para fiscalizar desde as primeiras fases de execução de projetos que financia mediante a gestão de terceiros, como ONGs e Oscips, dando-lhes recursos do contribuinte. O dinheiro é desviado e somente quando tudo já deu errado é que vem à tona   o Deus nos acuda. E isso quando o caso chega à imprensa ou ao Ministério Público e há indícios da trajetória do “malfeito”.
Essa ineficácia, no entanto, sempre tem padrinhos políticos, sejam lá quais forem, pois uma ou duas pessoas sozinhas à frente de organizações não governamentais, sem o apoio de gente poderosa na máquina burocrática do poder, não consegue(m) jamais fazer com que tanto dinheiro seja desviado dos fins para os quais estava destinado. Não há inocentes no caso Instituto Brasil. No calor das vésperas eleitorais, quem colocou Dalva no poder e quem a desapeou dele, pode, sim, interessar ao eleitor.
Mas importa muito mais ao cidadão, pois para este as eleições passam, seu voto pode até ir para A ou B em função da briga de foice partidária que Dalva Sele motivou, mas a lesão financeira, sempre irreversível, essa se deu concretamente foi no bolso do cidadão-contribuinte. Sim, todo eleitor é cidadão, mas as sequelas da corrupção e do desvio de recursos públicos para bolsos privados têm consequências que se estendem para além do processo eleitoral.
Cadê o dinheiro que o contribuinte gerou e alguma instância do poder público atribuiu ao Instituto Brasil confiança o suficiente para geri-lo? O instituto, por sua vez, o fez desaparecer e deixou literalmente ao Deus dará aqueles a quem foi prometido um teto para viver sob? É lindo ouvir Toquinho cantando “era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque na casa não tinha chão”. Foi exatamente isso que sentiram os possíveis beneficiários do projeto habitacional que o Instituto Brasil geria, com autorização do estado.
Quem permite que recursos públicos, em casos iguais ou semelhantes a esse, escoem para ralos pessoais, na prática nunca tem a devida responsabilização exposta e tampouco devolve o dinheiro. Aparece sempre um boi de piranha, uma Geni, a quem a sociedade adora apedrejar na falta concreta e comprovada dos verdadeiros donos da caneta sem cuja assinatura o dinheiro não ultrapassaria a fronteiras do público para o privado. A Geni da vez é Dalva Sele. Quem tem dúvida disso? Quem, na prática, se beneficiou de fatias e fatias do bolo que coube a ela repartir, talvez nunca apareça de forma proporcional ao nível de beneficiamento que teve ou, no máximo, sumirá do noticiário e do imaginário da sociedade em questão de meses.
* Malu Fontes é jornalista e professora de Jornalismo da Ufba

QUE VIAGEM!



AMOR, AMOR...

IGREJA DE SÃO PETERSBURGO

MARIA-ANTONIETA DE PAPEL

Lançado hoje o teaser da campanha do Hollywood Costume Museum. 
A convite do Oscar, Jum Nakao desenvolveu um vestido construído de páginas do roteiro do filme Marie Antoinette, de Sofia Coppola.
Após a exposição, o vestido integrará o acervo do Hollywood Costume Museum.


Jum Nakao (São Paulo1966) é um estilista brasileiro.
A formação em moda veio em cursos no CIT 
(Centro Industrial Têxtil), onde aprendeu com professores como 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ESTES JUÍZES, COITADOS...

Análise sobre auxílio-moradia a juízes não pode ter preconceito, diz Dallari


27 de setembro de 2014, 17:45
Em artigo publicado neste sábado (27/9) no Jornal do Brasil, o administrativista e professor de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Dalmo de Abreu Dallari cobra que haja “Justiça para o Judiciário” quando se analisa as atividades de juízes, desembargadores e ministros. Ele diz que, “com raras exceções, o tratamento do Judiciário pela imprensa tem conotação negativa”, como na divulgação sobre as decisões do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, concedendo auxílio-moradia à magistratura.
Leia o texto:
Por motivos muito diversos, o Poder Judiciário, que raramente era objeto de menção na imprensa, passou a figurar com bastante frequência no noticiário, como objeto de editoriais, de comentários e de um noticiário ligado a decisões de grande repercussão política e social ou, então, a inovações muito significativas ou contrastantes com a rotina e a discrição tradicionais.  Com raras exceções, o tratamento do Judiciário pela imprensa tem conotação negativa, afirmando ou insinuando deficiências, explorando como espetáculos as discussões entre julgadores, dando às divergências jurídicas o mesmo tratamento que é dado às divergências entre políticos, frequentemente cometendo erros primários nas informações e fazendo exploração escandalosa de manifestações dos membros dos órgãos superiores da Magistratura.
A mais recente exploração de ocorrências e divergências envolvendo questões de interesse do Judiciário está ligada a decisões e manifestações relacionadas com a situação funcional dos membros da Magistratura, mais especificamente, com os critérios de remuneração e a extensão aos magistrados de benefícios que já são auferidos por outros setores do funcionalismo público. Assim, foi dada grande ênfase à proposição de um setor da Magistratura que reivindica o recebimento do auxílio-moradia, pretendendo que os magistrados recebam tratamento igual ao que é dispensado a outros setores dos serviços públicos.
Em síntese, tal benefício seria concedido aos membros da Magistratura que não ocupam residência oficial ou imóvel funcional no local do trabalho. Isso está sendo discutido entre membros de órgãos dirigentes de setores da Magistratura, inclusive considerando os aspectos jurídicos. A questão está sendo objeto de um pedido formal, que deverá ter o seu desfecho em decisão do Conselho Nacional da Magistratura, ao qual caberá regulamentar a aplicação das normas concessivas do benefício, se for essa a decisão final.
A divulgação pela imprensa dessas proposições e de seu questionamento faz parte da exigência democrática de publicidade sobre as reivindicações e divergências a respeito das medidas a serem adotadas para o melhor funcionamento das instituições, assim como das discussões sobre o tratamento mais adequado e justo dos integrantes da Magistratura de todos os níveis e dos servidores do Judiciário. Um aspecto que não tem merecido maior divulgação, entretanto, é o fato de que a partir de 2003 foram implantados no Brasil mecanismos institucionais que deram possibilidade às camadas mais pobres da população de ir ao Judiciário reivindicar a efetivação dos direitos consagrados na Constituição. E isso ocorreu num momento em que o Judiciário estava impossibilitado de manter, e menos ainda de ampliar, o quadro de magistrados e servidores da Justiça, em decorrência da lei maliciosamente apelidada “lei da responsabilidade fiscal” (Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000).
Baseada exclusivamente em critérios econômico-financeiros, essa lei limitou os gastos com pessoal em todo o setor público, inclusive no Judiciário. Disso decorre a impossibilidade de criar novos cargos que eram necessários e mesmo de preencher cargos que ficavam vagos, inclusive cargos de ministro e desembargador, para que não fosse ultrapassado o limite de gastos com pessoal num serviço público. E assim foi impedida a expansão e agilização dos serviços judiciários, mas também, em muitos casos, inclusive em tribunais superiores, foi impedida a manutenção da normalidade, pois tais deficiências de pessoal ocorriam ao mesmo tempo em que aumentava muito o número de casos submetidos ao Judiciário. E a sobrecarga do Judiciário aumentou, pois, conforme consta do relatório Justiça em números, divulgado recentemente pelo Conselho Nacional de Justiça, no ano de 2013 tramitaram mais de 95 milhões de processos pelo Judiciário, tendo sido julgados nesse ano mais de 27 milhões.
Por tudo isso, é necessário que a imprensa, de modo geral, reveja sua atitude em relação ao Poder Judiciário e seus integrantes de todos os níveis. Os integrantes do Poder Judiciário, desde os mais modestos até os membros das cúpulas dos tribunais superiores, prestam um serviço público de extrema relevância para a garantia e efetivação dos direitos. Assim, o seu desempenho bem como suas reivindicações e manifestações devem merecer a atenção da imprensa e ter a necessária divulgação, com precisão e respeito, sem avaliações preconceituosas. É exigência fundamental do Estado Democrático de Direito que o Judiciário seja tratado com Justiça.   

FORTE SANTA MARIA


Acho que o Forte Santa Maria no Porto da Barra finalmente vai ser aproveitado para um espaço cultural muito interessante. Excelente! Espero apenas que os coqueiros que já são parte integrante de seu visual e lhe dão ainda mais um ar de baianidade sejam preservados. É que há muito tempo um projeto de revitalização quase foi aprovado e no lugar dos coqueiros seriam colocados toldos para eventos. Por favor...
Maurício Pinto

PESQUISA DE VOTO

O UMBU AMEAÇADO!

Umbu, fruta da resistência


No sertão da Bahia, o umbu desafia a pior seca dos últimos anos e garante a renda de dezenas de comunidades

NG - Fruta mais emblemática da Caatinga nordestina, o umbu entrou na lista de alimentos ameaçados de extinção elaborada pela fundação Slow Food
Fruta mais emblemática da Caatinga nordestina, o umbu entrou na lista de alimentos ameaçados de extinção elaborada pela fundação Slow Food. As secas prolongadas e a competição com a criação de bodes estão entre as principais ameaças.
Aonde Pedro vai, os bodes vão atrás. Parece que sabem: é hora de catar umbu. Um a um vão criando fila, até se amontoar na sombra do umbuzeiro, à espera dos frutos que Pedro e Íris, sua irmã, descartarem. Bom, explica Pedro, é o umbu “inchado”, aquele de casca crocante, aroma doce e gosto ácido, quase no ponto de amadurecer. Colher maduro é certeza de estragar logo – daí, vai direto para o bucho do bode. Na safra, o que mais tem é bode gordinho, repicando a sineta através da Caatinga. Dizem que um bicho desses, sozinho, é capaz de comer até 150 frutos por dia. Tanto que, em Uauá, cidade do norte baiano onde a produção de umbu é uma das maiores do país e a população caprina é seis vezes maior que a de gente, foi preciso botar cerca em torno dos umbuzeiros, para manter distantes os animais. Sobretudo os brotos, que até esses o bode come. Por causa dele, quase que o umbu acaba em Uauá.
Para garantir a colheita, Pedro dos Santos fez como todos na comunidade de Serra Grande, zona rural de Uauá: armou cancela com tal de separar os animais do umbuzeiro centenário, herança do avô, que cresce no quintal. É árvore tão antiga que a copa alcança sete metros de altura – o que, no caso, obriga o sujeito a trepar nos galhos para colher os frutos mais altos. Suspenso a três metros do chão, Pedro explica que existe também o problema da seca, a pior da Bahia nas últimas décadas. E essa, nem cerca resolve. Sem chuva, não só a produção cai como o umbu fica mais ácido e menos carnoso, o que compromete a qualidade do produto final. A sorte de Pedro – como a de milhares de moradores do semiárido – é que o umbuzeiro não se acanha nem na estiagem. Pode produzir menos, mas produz. “Faz cinco anos que não chove, e ainda assim dá umbu”, diz Pedro. “Pra tu ver a potência”.
Maná de gente e de bode nas quebradas mais secas da Caatinga nordestina, o umbuzeiro é o que Euclides da Cunha, em Os Sertões, definiu como a “árvore sagrada do sertão”. “Se não existisse o umbuzeiro, aquele trato de sertão, tão estéril, estaria despovoado”, ele escreveu. De fato: tal é a resistência da árvore que ela frutifica mesmo nas piores estiagens. Isso graças ao que por aqui se conhece como “batata”, um tipo de tubérculo que cresce nas raízes do umbuzeiro, tecnicamente chamado de xilopódio. Cada pé tem milhares deles, escondidos debaixo da terra, rente ao chão. São capazes de armazenar água por décadas, garantindo a sobrevivência tanto da própria árvore quanto das pessoas.
No sertão, uma das formas de matar a sede é bebendo a água contida na batata do umbuzeiro. O cabra bate com uma vara no chão e, pelo som, descobre onde está a raiz. Então cava, tira o xilopódio e arranca a casca: lá dentro há uma massa úmida, fresca e adocicada, a qual basta espremer para tirar a água. A própria batata também é boa de comer: dela se produz farinha – como faziam os índios Kariri –, doce e, agora, conservas. Em Uauá já estão fazendo picles de xilopódios para vender no exterior.
NG - No sertão da Bahia, a colheita do umbu acontece em áreas conhecidas como "fundos de pasto"
No sertão da Bahia, a colheita do umbu acontece em áreas conhecidas como "fundos de pasto", terras devolutas onde a Caatinga preservada e que foram transformadas em áreas de uso coletivo. O estado é responsável por 90% da produção nacional de umbu - Foto: Xavier Bartaburu
Salvo as conservas, para as quais existem viveiros de produção, o consumo tradicional da batata do umbuzeiro é costume pouco recomendável – e, por conta disso, cada vez mais raro. É que, a certa altura, descobriu-se que sua retirada matava de vez a árvore. Para uma espécie que já sofria com a fome dos bodes e a falta de chuva, arrancar a raiz era como condená-la definitivamente à extinção. Também a colheita se fazia de modo pouco inteligente, golpeando-se a árvore com uma vara grande de madeira, para fazer os frutos caírem no chão. Daí que alguns galhos se rompiam, o que impedia os frutos de crescer de novo neles. Decepado ano a ano, o umbuzeiro ia produzindo cada vez menos.
Isso mudou em 2003, quando os coletores de Uauá, amparados por um projeto de sustentabilidade, determinaram as novas regras. Agora o umbu se pega como a mão, sem permitir que os frutos caiam no chão. E, quando colhidos, são separados de acordo com o estágio de amadurecimento: há os maduros, de casca amarela e polpa doce, perfeitos para fazer geleia e umbuzada; os verdes, ácidos e crocantes, bons para compotas; e os inchados, nem tão ácidos, mas ainda firmes, com os quais também se fazem compotas, geleias, umbuzadas e ainda outros produtos, como doces. Deixar alguns frutos no pé também virou regra: é para que cotias, tatus e outros bichos se alimentem deles e façam o serviço de espalhar as sementes pela Caatinga. Só o bode é mantido longe, que esse regurgita as sementes nos currais, onde não germinam.
Na Caatinga nordestina, da qual o umbu – ou imbu, como também dizem – é espécie nativa, a colheita começa sempre no fim do ano. Primeiro vêm as chuvas de outubro, às quais o umbuzeiro responde enchendo-se de folhas e de flores, estas brancas e perfumadas. Nesse momento entram em ação as abelhas sem ferrão, que se encarregam de espalhar o pólen que fecundará outras árvores e multiplicará o número de umbuzeiros pelo sertão. Os frutos surgem logo depois, dando início à safra, que costuma ir de dezembro a março. Talvez abril. Depende das chuvas.
Na safra, a colheita é diária e sempre em família. Começa cedo e só termina perto do meio-dia, quando a sombra do umbuzeiro já não é mais capaz de refrescar o calor incandescente do sol a pino. E não é pouco o que se colhe: “numa manhã, a gente já tirou seis sacos de 45 quilos”, conta Pedro. Na seca, claro, a produção cai. Mas bastam alguns poucos dias de chuva e o umbuzeiro torna a se carregar de frutos. Cada pé, sobretudo se for dos mais antigos, pode render até 300 umbus.
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