terça-feira, 30 de junho de 2015

BERÊ, BERÊ, BARÁ, BARÁ

SÉRGIO SOBREIRA


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Diante de tanto quiquiqui e cacacá por causa do quiproquó sertanejo, boto sal no peba afirmando sem medo de pedradas: no geral, a música sertaneja recente é uma porcaria, uma chatice, uma pobreza melódica de dar abuso ao som do primeiro trinado, com sua narrativas bobas e frívolas, românticas ou eróticas, vocalizadas por duplas ou solistas de calças justas e vozes quase sempre esganiçadas, edulcoradas por um duvidoso sex appeal (que tesão há em berê berê bará bará?).
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Seu sucesso reflete o poder do consórcio entre mercado musical e comunicação de massa, hábil em projetar e refletir os gostos de uma multidão de brasileiros que, sem acesso a informação e sem formação mais elaborada, se contenta e se identifica ardorosamente com o ídolo da vez, consumidos por avidez num mundo onde divertir é mais que suficiente.


A precária educação, a irrelevância das artes e da cultura, o peso e a concentração da comunicação de massa, são alguns dos fatores que estão na base do complicado contexto da produção cultural, no qual se destaca o avassalador e emburrecedor predomínio dos sentidos do entretenimento sobre as subjetividades.


Enquanto isso, nas franjas, nas bordas, nos grotões seguem tantos talentos, do erudito ao tradicional popular, criando e produzindo muitas coisas boas que seguirão longe dos holofotes e inacessíveis ao contato, quanto mais ao consumo. 


Nossa conjuntura em nada favorece a formação de repertório por parte do povo. 

Mas o que esperar de um povo que se entusiasma com a gritaria dos "cantores" no quadro "Iluminados" no Domingão do Faustão??????

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